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Jeane Terra (1975, Minas Gerais - vive e trabalha no Rio de Janeiro), pesquisa as subjetividades da memória, as nuances da transitoriedade das cidades e os destroços de um tempo, como o apagamento e o crescimento urbano desenfreados. Em trabalhos mais recentes, investiga a ação humana intensa e desenfreada e seus efeitos sobre a paisagem, o clima e a vida na terra.

O trabalho da artista, cujo nome se confunde com o alcance de sua poética, se desenvolve nos suportes da pintura, escultura, fotografia e videoarte. Muitas vezes autorreferencial, Jeanne Terra gravita a usina ruidosa, de onde reminiscências vêm à superfície, para tecer um panorama das principais questões do nosso tempo. Assim, a partir da vivência da demolição da casa em que viveu na infância e com a aproximação do barroco mineiro, a artista percorre cidades e lugares em vias de desaparecimento: Atafona, cidade que vem sendo lentamente engolida pelo Atlântico, no litoral fluminense; Sobradinho e Remanso, inundadas por represas no interior da Bahia; a ocupação das hidrelétricas, desconfigurando o curso do Rio Mekong, no Vietnã.

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São trabalhos que trafegam entre registros de um tempo passado, a corrosão do tempo e a urgência do contemporâneo. Como na série “pele de tinta”, técnica que desenvolveu a partir da mistura de tinta acrílica, aglutinante e pó de mármore, obtendo um tecido cromático que, composto em múltiplas e finas camadas, ganha um aspecto de pele. A artista utiliza as “peles” de tinta que, recortadas em uma miríade de pequenos quadrados, compõem o grid que estrutura suas pinturas, nas quais são costuradas – valendo-se da técnica em ponto cruz, herança da avó materna -, ou coladas na superfície da tela. Uma espécie de corpo-pintura, constituída entre o bordado imemorial e a instantaneidade do pixel.

Nas palavras de Paulo Herkenhoff sobre as peles de tinta: “… é um enigma do pós-moderno e o pixel, um novo paradigma da lógica da imagem. Jeane articula dois sistemas, sabendo que o pixel é a malha da contemporaneidade. Ao mesmo tempo, recorre à longa tradição vernacular do ponto em cruz. Ela joga com o olhar e sua capacidade de interpretar os signos.” Como destaca ainda Agnaldo Farias, Jeane Terra “propõe que toda arquitetura é em essência autodestrutiva, que toda construção traz consigo sua dissolução, que tudo que fazemos é efêmero, e que nossos gestos primam pela negatividade, ainda que insistamos em valorizar o contrário”.

Em 2024 realizou a exposição individual "Mekong: Memórias e Correntezas", na Anita Schwartz Galeria de Arte. Em 2022 realizou a individual Territórios, Rupturas e suas Memórias, no Centro Cultural Correios - RJ, e em 2021 realizou a individual “Escombros, Peles Resíduos”, com curadoria de Agnaldo Farias, na galeria Simone Cadinelli, RJ. Em 2022 realizou a individual "Territórios, Rupturas e suas Memórias", no Centro Cultural Correios - RJ. Em 2023 foi  indicada para o prêmio anual de aquisição da EFG Latin America Art Award, em associação com a ArtNexus.

 

Principais exposições coletivas: “Anita Schwartz XXV”, na Anita Schwartz Galeria de Arte, em 2023; “Chromatic Vigor: Affirmation, na Vortic Art, em Londres, Inglaterra, em 2023; “Dialetos do Firmamento”, na Anita Schwartz Galeria de Arte, em 2023; “Unity & Diversity”, The Japour Family Collection, na galeria The House, Miami, em 2023; "Chromatica", na galeria The House, Miami, em 2022; “Me Two”, Brasil! Obras da coleção de Ernesto Esposito” no Museu Ettore Fico, Turim, Itália, em 2019; “O Ovo e a Galinha” na Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, em 2019; “Exposição 360”, Museu da República, Rio de Janeiro; “Abre Alas” na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, em 2019; “Projeto Montra”, em Lisboa em 2013; “Nova Escultura Brasileira – Herança e Diversidade” na Caixa Cultural, RJ, em 2011; Biwako Biennale, Japão, em 2010.

Suas obras fazem parte da Coleção do Instituto Inhotim, Coleção do Museu de Arte do Rio e da Coleção do Centro Cultural dos Correios Rio de Janeiro.

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