top of page

Fábrica de Sonhos, 2009 | 5' 50" 

Presente significa, ao mesmo tempo, presença (...) presente quer dizer: demorar-se ao nosso encontro, ao encontro de nós, os homens (...) presença significa o constante permanecer que se endereça

ao homem, que o alcança e é alcançado.

M. Heidegger, 1962.

Decifra-me ou te devoro. Fábrica de sonhos insere-se no bojo de uma série de vídeos de Jeane Terra marcados por um esforço de tratamento imagético das relações entre o sujeito e o vazio, e orquestrados pela sofisticada abordagem que a artista empreende das nuances da transitoriedade. Em seus instantes germinais, gravita a usina ruidosa de onde provém a substância de nossa memória. Terra colhe ali a anti-matéria, o que se trama em torno do vazio, nos humores da doce galáxia e suas mais recônditas aspirações. Alegoria da criação ex-nihilo, a invenção invisível do ser. Jamais exatamente alcançadas, as formas do desejo fazem brilhar o teatro opaco em que se encenam. Teatro sensível, forjado pela condensação inexorável do tempo e que, com seu gesto, seu giro, a artista põe ao serviço do instante, do inconsciente, indestrutível e atemporal. Terra trabalha, no tempo, o que se encena fora dele.

Guilherme Massara Rocha

bottom of page